Isabel Colucci, do blog O Guaxinim, bolou um mapa colaborativo em que constam os lugares em que as histórias dos livros acontecem. Você pode ajudar a fazê-lo. Até o momento são uns 50 livros e lugares anotados.

AQUI* Veja o mapa Livros e Lugares: ajude a fazê-lo

Eis a explicação da autora da idéia:

"Antes de viajar, gosto de ler um livro que se passa no lugar onde estou para ir. Pode ser de ficção, ou não. O que importa é ir sentindo o clima, criar um vínculo com as ruas, praças, prédios, antes de vê-los pela primeira vez. Nem sempre é fácil encontrar que livro ler. Por isso este mapa. Se você gostou de algo que leu e esse livro se passa em algum lugar real do planeta, aponte a localização dele aqui..."

A cena era típica daquele extraordinário ritual a que damos o nome de festa. Por toda a sala o anfitrião recebia seus convidados com expressões usuais como: "Que alegria por você ter vindo!", ou "As bebidas estão ali; sirvam-se à vontade!", enquanto aqueles que participavam do "jogo" assumiam o seu bem-praticado e seguro modo de olhar, na esperança de ver, entre os presentes, algum conhecido. Pequenos grupos de pessoas, conversando às vezes com um entusiasmo forçado, transformavam-se, freqüentemente, em "fortalezas inexpugnáveis"... Mas, todos engajavam-se em sua conversação, de modo a, deliberadamente, deixar a impressão de estarem isolados em relação aos restantes ...
Premido pelo número crescente de recém-chegados, deixei o bar e me dirigi para as proximidades de uma janela, um pouco afastada de toda aquela confusão. Ali eu vi aquela moça, examinando as flores, com um cuidado que me pareceu profissional. "Rosas!", eu disse, querendo parece inteligente, mas com a consciência de que nunca tinha sido muito bom no que se refere a flores. "Peônias", respondeu ela. "Pelo menos ... é o que acho". "- Oh! Que tolice a minha (repliquei) ... e esta parece Ter sido uma primavera maravilhosa para as flores!"

"- Sim, maravilhosa. As primaveras são sempre boas para as flores".
Percebendo que aquele assunto não nos levaria muito longe, ela procurou falar sobre algo que prolongasse nossa conversa, e fez, então, a primeira pergunta que lhe passou pela cabeça. "- E você, o que faz?

"Oh!" E, eu disse, agradecido pela nova alternativa; sou um geógrafo. E, no mesmo momento em que acabava de pronunciar aquelas palavras, já podia prever que o embaraço de uma explicação mais longa viria automaticamente.

"- Um geógrafo?"

"Ah... eh ... sim, um geógrafo" afirmei, procurando demonstrar a serena e entusiástica confiança com que falam de suas profissões o médicos, engenheiros, pilotos, caminhoneiros, marinheiros e até, os andarilhos.

" - Mas, ... o que fazem os geógrafos?"

Isto já tinha acontecido muitas vezes... Aquele sentimento frustrante que se manifesta quando você, um geógrafo profissional, sente-se incapaz de explicar de maneira simples e rápida o que você realmente faz. Um de nós poderia dizer: "eu vejo o mundo a partir de uma perspectiva espacial...", ou, "na realidade sou um analista espacial", o que , sem dúvida seria correto... até certo ponto. Acontece, que tais explicações podem não ter significado algum para muita gente. Uma outra forma comum de resposta é aquela que usa uma abordagem diretamente ligada a algum exemplo: "- Bem, no momento estamos trabalhando em um modelo de maximização de entropia, para avaliar os movimentos pendulares das jornadas de trabalho em Bogotá", ou então: "Bom, estamos usando um modelo de simulação computacional, m parte estocástico, em parte determinístico, para examinar um programa de desenvolvimento regional". E esses dois exemplos estariam igualmente corretos ... até certo ponto. Porém, essas palavras, que têm um significado preciso para muitos membros da comunidade dos geógrafos, certamente não terão o menor sentido para a maior parte das pessoas, e acabarão por serem consideradas como um jargão particular, deliberadamente criado para confundir os outros. O que poderia, também, ser verdadeiro ... até certo ponto.
Assim, ocorre freqüentemente que, em uma tentativa desesperada de se construir uma ponte na direção do interlocutor e na direção de vocábulos e conceitos mais comuns, acaba-se por fazer a opção de vocábulos e conceitos mais comuns, acaba-se por fazer a opção por uma resposta bem mais simples, se bem que incompleta: "Bem, na realidade, ensino geografia"!!!
E o interlocutor, aliviado e, muitas vezes, já com um sorriso nos lábios, vem com a pergunta inevitável: "Ah... verdade?...Então qual é a capital do Afeganistão?"

A pergunta não tem que ser necessariamente sobre o Afeganistão, ela pode ser feita sobre as minas de carvão do Yorkshire, sobre o mais longo rio do mundo, o clima da região de Perth (Austrália),a população da Índia, ou os mais importantes produtos de exportação do Zaire - embora raros sejam aqueles que fazem a pergunta, que saibam ao menos como pensar sobre o Zaire - além, é claro, do El Ninõ. Pois, não são os geógrafos que devem saber tidos sobre ONDE estão as coisas, e porquê elas estão ali?
Embora com uma certa dose de humor, o tipo de conversação que se acabou de relatar reflete justamente o tipo de visão que a maior parte das pessoas têm sobre o que a Geografia é, e sobre o que os geógrafos fazem. E, numa certa medida, esta visão é correta,... até certo ponto.

Na verdade, nós, geógrafos, temos a responsabilidade de ensinar as crianças sobre o mundo no qual elas estão crescendo, do mesmo modo que outros têm a responsabilidade de ensinar a elas sua língua, a matemática e uma visão de sua herança histórica e artística, entre outras coisas. Colocadas em um mundo que elas não ajudaram a construir, essas crianças só podem compreendê-lo (e agir sobre ele) na medida em que nós (adultos) pudermos ajudá-los através da transferência de nossas visões sobre as palavras, os números, a beleza, o tempo e o espaço.
E o espaço? Não aquele espaço sideral da ficção científica que lentamente vai, também, se abrindo para nossos instrumentos, mas este espaço de nossa vida cotidiana e imediata, o Espaço Geográfico de nossa pequena casa planetária.

Fala-se, cada vez mais, de nosso mundo em transformação, do crescente impacto das sociedades sobre o meio-ambiente, da influência de uma cultura sobre as culturas, da interdependência cada vez maior dos povos e das nações. Sabe-se que hoje, mais do que nunca, os eventos de uma parte do mundo têm um impacto direto e imediato sobre outras. Mas, muito poucas crianças - e isto quer dizer também, poucos adultos - possuem as mais elementares informações sobre o cenário mundial, visto em seu conjunto, e muito menos ainda sobre os atores que produzem um caleidoscópio, constantemente em movimento, de cidades e povoados, estradas e regiões, conflitos e formas de cooperação.

No domínio físico, para se tomar apenas um exemplo, se El Ninõ, a corrente oceânica localizada ao largo do Chile e do Peru, muda seu curso normal, surgem problemas sérios para a indústria pesqueira dos países vizinhos mas, seu efeito se estende muito mais longe, provocando provavelmente secas na longínqua Austrália.
Mas, de que adianta os meios de comunicação inundarem nossas casa com todas essas informações sobre o mundo físico e humano em que vivemos, se não conhecemos, se não sabemos "representar" em nossas mentes os grandes espaços continentais e oceânicos, os países, as regiões, os lugares?
Sim, os geógrafos têm a responsabilidade de ensinar sobre os lugares, as regiões, os espaços, os rios e montanhas, as estruturas e conexões, e todas as interrelações do mundo no qual vivemos. De outra maneira, como pode esse nosso mundo fazer algum sentido, ter algum significado?
Mas, como já disse, esta tradicional - mas ainda vital - tarefa do ensino tradicional e elementar, representa apenas uma parte de um conjunto muito maior. A outra parte desenvolve-se, atualmente, nas universidades e nos estabelecimentos de pesquisa de muitos países, em firmas de consultoria e nas empresas, nas instituições de planejamento urbano, regional e nacional, e nas mais diferentes agências governamentais e supranacionais, como a Organização Mundial de Saúde e o Banco Mundial, por exemplo.

Uma das importante características dos acontecimentos dos últimos trinta anos foi a maneira pela qual a perícia do conhecimento geográfico - a perspectiva espacial - tem informado e esclarecido problema após problema, em um amplo espectro de preocupações humanas. Os geógrafos têm feito pesquisas fundamentais que vão desde orientações para que pessoas com problemas de incapacidade física possam guiar-se em complexas áreas urbanas; estudos de distribuição espacial de doenças, para que os cuidados médicos sejam dispensados de maneira mais adequada; passando pelo planejamento de novas regiões agrícolas, ou pela avaliação de colheitas, através das imagens de satélite, até chegar às pesquisas que procuram contribuir par a solução dos problemas de redes urbanas desequilibradas ou de periferias urbanas de percepção das imagens mentais que ajudarão a revolucionar campos como os do planejamento urbano/regional e do turismo.

De fato eles a fazem - e muito mais.

Por isto, escrevi este livro. Da próxima vez em que alguém perguntar-me em uma festa: "oh! Você é um geógrafo? ... Eh ... eh... mas, o que você faz exatamente? ... vou responder: "- Estou muito contente por você ter feito esta pergunta. Acabo de escrever um livro sobre mim mesmo ... aceite-o!


Autor: Peter Gould (Pennsylvania State University)
Tradução e adaptação: Prof. Dr. Oswaldo Bueno Amorim Filho
Fonte:http//ivairr.sites.uol.com.br


Quem foi Peter R. Gould

TODOS CONHECEMOS A FORMA DE CONQUISTA E DOMINAÇÃO DESENVOLVIDA PELAS GRANDES POTENCIAS DO SÉC XV AO XX, DENTRE AS QUAIS PODEMOS DESTACAR 4, SÃO ELAS: ESPANHA, PORTUGAL, FRANÇA E INGLATERRA. CONTUDO ESSE PERIODO DE DOMINAÇÃO DESENCADEOU O SURGIMENTO DE NOVAS UNIDADES TERRITORIAIS E CONSEQUENTEMENTE NOVOS ESTADOS/NAÇÃO E ATRAVES DE SUAS ORIGENS É POSSIVEL IDENTIFICAR MELHOR O CENARIO ECONOMICO ATUAL.
O VIDEO A SEGUIR DEMONSTRA DE MANEIRA LÚDICA A EXPRESSÃO "ORIGEM DE TODOS".

VISUALIZAÇÃO MAIOR from Pedro M Cruz.

Se você faz parte de algum movimento social, Ong, Associação, grupo de jovens, ou tem grande interesse na melhoria da qualidade de vida de sua cidade, se inscreva e seja um multiplicador ou indique um jovem líder!

Inscrições:

Secretaria Estadual de Esportes e Juventude, tel: 31 3349 2778
falar com Mariana ou Cléia ou Coordenadoria Municipal de Juventude, tel: 31 3277 9795 falar com João Paulo

O Projeto A Terceira Margem do Rio, resumidamente, é uma parceria entre o Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Minas Gerais - CJMG e a Secretaria Estadual de Esportes e Juventude - SEEJ e irá sensibilizar e mobilizar 50 jovens lideranças de 15 a 29 anos em cada um dos 10 municípios envolvidos, para a questão ambiental.

Já estivemos em Ouro Preto, Itabirito, Rio Acima, Nova Lima, Raposos, Caeté, Sabará e Santa Luzia!

Faremos a formação dos Coletivos Jovens nos municípios onde ainda não existem e o fortalecimento nos que já existem.
Também trabalharemos a questão de mobilizá-los para atuarem junto aos subcomitês de bacia hidrográfica de suas regiões em parceria com a Meta 2010 - CBH do Velhas.
Transformar em positivo o que, um dia, foi negativo; erguer sonhos e acreditar neles para mudar e inovar e pensar no coletivo jovem para se fortalecer como sociedade civil. Atitude e responsabilidade são ingredientes importantes para a construção solidária de uma bacia hidrográfica sustentável.
Palavra de ordem para toda juventude é participar e se informar visando multiplicar e ramificar idéias e ações concretas que possibilitem o crescimento e o desenvolvimento de cada um, de todos nós!



VAMOS FORTALECER O COLETIVO JOVEM DE MINAS GERAIS!



Mais informações: Luciana Priscila (Lupri) - Membro da Comissão Gestora do Projeto A Terceira Margem do Rio - CJBH e CJMG - 31 9144 5909 ou por este e-mail.


A terra de nenhuma música

Quando o Taleban, movimento religioso estava no poder no Afeganistão, proibiu todas as músicas, porque eles achavam que cantar e dançar era obra do diabo. As pessoas que ouvissem música seriam espancados ou presos. Assistir televisão, soltar pipas e usar roupas diferentes também foi proibido e as mulheres eram obrigadas a vestir uma burka.

Em 2001, o Talibã foi derrubado do poder por uma coalizão liderada pelos americanos e hoje o país está caminhando para a democracia. No entanto, o Afeganistão ainda é um país muito conservador e pode se sentir que muitos afegãos, especialmente as mulheres não devem tocar música.

As meninas no Afeganistão não tocam músicas ou cantam canções. Mas aos 25 anos, Nargiz não se importou. Ela começou a Burka Band, a primeira banda de garotas afegãs.

“Blueee, Burka Blue...” canta a vocalista na TV, enquanto a outra toca bateria e uma terceira a guitarra.

As três garotas fazem pequenos passos de dança e balançam o microfone como se fosse em qualquer banda. Mas há uma grande diferença. As três garotas usam a burka afegã, o vestido azul que cobre a mulher da cabeça aos pés.

Nargiz dá risadas, quando ela nos mostra o vídeo em Cabul, capital do Afeganistão. Ela é uma das três garotas que começou a Burka Band há dois anos (2002).

“Foi muito divertido, mas também muito assustador. O Afeganistão ainda é um lugar muito perigoso para a mulher moderna, e quando filmamos o vídeo, tínhamos de fazê-lo muito discretamente, porque ninguém podia saber que estávamos tocando música...” diz Nargiz.

Gravação oculta

Nargiz começou a Burka Band, quando ela conheceu um produtor musical alemão em Cabul, no final de 2002. O produtor estava ensinando afegãos a tocar música moderna e Nargiz aprendeu a tocar bateria.

Um dia ela se perguntou por que todas as burkas em Cabul eram azuis, e junto com duas amigas, ela escreveu a canção "Burka Blue", que é sobre burkas e da maneira que você se sente quando as usa. A canção foi gravada em Cabul, com a ajuda do produtor alemão. A banda ensaiou a portas fechadas, de modo que ninguém iria descobrir que as garotas estavam tocando música.

A burka também ajudou a ocultar quem as integrantes da banda realmente eram.

“Claro que era uma brincadeira cantar em burkas, mas era também necessário usá-las. Se as pessoas no Afeganistão soubessem que eramos membros da Burka Band, poderíamos ser atacadas e mortas, porque ainda há um monte de fanáticos religiosos, aqui...” diz Nargiz, que não contou a alguns de seus amigos que ela tem desenvolvido a Burka Band.

Em 2003, a gravadora alemã Ata Tak, lançou a música na Alemanha e a canção se tornou um sucesso em clubes alemães depois de ter sido remixada por um DJ alemão. A Burka Band, mesmo realizando um grande show em Köln, durante uma viagem à Alemanha. Infelizmente, Nargiz não pode se juntar à banda em Köln, porque ela tinha que trabalhar, mas ela acompanhou tudo de sua casa em Cabul.

Perigoso demais para cantar

“No começo eu não acreditei, quando o produtor alemão me disse que a canção era um “HIT” na Alemanha. Foi fantástico, mas ao mesmo tempo, estamos também preocupados com que alguém no Afeganistão pudesse descobrir quem éramos por causa de toda a atenção...” lembra Nargiz, que estima que apenas 10 pessoas no Afeganistão, na verdade, sabem quem são as caras por trás das burkas na banda.

A Burka Band nunca se apresentou no Afeganistão e no momento a banda não está ativa. Durante o regime talibã a música foi totalmente proibida e as mulheres não tinham permissão para trabalhar. Por cantar em público então, poderia levar uma sentença de morte.

Hoje, o país ainda é muito conservador, e não há mercado no Afeganistão para a música da Burka Band. As integrantes da banda esperam por um selo europeu ou americano para ajudá-las a fazer um álbum inteiro um dia.

“Eu gostaria de tocar novamente, mas agora não é possível. No ano passado houve uma grande explosão em um show aqui em Cabul, e muitas pessoas ainda são contra cantoras porque os líderes religiosos as condena. Ainda vai levar uns 10 anos antes de termos “Girl Band’s” aqui no Afeganistão.” diz Nargiz, que agora trabalha em uma organização internacional em Cabul.

A vocalista da Burka Band, foi para o Paquistão porque ela não pode cantar no Afeganistão, já a guitarrista tem um emprego regular.

Hoje, o único lugar para se ver a Burka Band é em vídeo mesmo. Na tela você verá a primeira e única “Girl Band” do Afeganistão com seus fones de ouvido sobre a cabeça coberta com a burka e as baquetas balançando.

O nome Nargiz foi usado para proteger seu anonimato.

Um trecho da letra traduzido:

“Minha mãe usa uma burka, eu devo vestir uma burka também

Nós todas vestimos uma burka, não sabemos quem é quem...”


OUÇA A MÚSICA


FONTE

http://www.lnd.dk/burkaband_eng.htm

Autorizado e escrito por Michael Lund e Signe Daugbjerg

Traduzido e adaptado por Jonatan T.